Menos de uma semana após escapar de uma tentativa de assassinato, Cristina Kirchner está de novo no centro das atenções do noticiário na Argentina. A justiça retoma nesta segunda-feira, 5, o julgamento da vice do presidente Alberto Fernández e de outras 12 pessoas envolvidas em um megaescândalo de corrupção. Cristina é acusada de favorecer um empresário, quando ainda era presidente do país, na obtenção de contratos na província de Santa Cruz, no sul da Argentina. Nesta segunda, o tribunal vai ouvir as alegações de Héctor Garro, ex-diretor de obras públicas em Santa Cruz. O Ministério Público pediu 12 anos de prisão e a inabilitação para sempre do exercício de cargos públicos para Kirchner, acusada de associação ilícita e administração fraudulenta. A promotoria a estima que os desvios somam bilhões de dólares. Cristina Kirchner só deve ser ouvida no final de setembro, e uma sentença esperada até dezembro. Como a vice-presidente tem foro privilegiado, mesmo se for condenada não vai para a prisão. A fase final do julgamento coincide com o acirramento das tensões políticas no país, desde o atentado na semana passada em Buenos Aires.
Neste domingo, 4, o ex-presidente Mauricio Macri criticou os questionamentos de que os meios de comunicação estariam ajudando a incitar um clima de ódio no país. Em uma rede social, Macri afirmou que o próprio ministro do interior estabeleceu um vínculo direto entre editoriais de jornais, rádio e televisão e o ataque a Cristina Kirchner. Segundo o direitista, essa atribuição é tão irracional como o próprio atentado e poderia colocar em perigo a vida de jornalistas, a integridade dos meios de comunicação independentes e da própria democracia. Enquanto a oposição questiona a reação da Casa Rosada ao ataque, a polícia busca acessar o celular do brasileiro Fernando Sabbag Montiel, detido desde quinta-feira, 1º de setembro, após tentar matar a vice-presidente argentina na porta da casa dela, em Buenos Aires.
Fonte: JP