Uma investigação da Polícia Civil apontou que João de Deus se apropriava indevidamente do dinheiro da Casa Dom Inácio de Loyola, onde fazia atendimentos espirituais, e transferia para suas contas pessoais e também da esposa. O idoso de 80 anos foi preso e condenado por abusos sexuais contra dezenas de mulheres em Abadiânia.
A investigação começou em fevereiro de 2019, dois meses após João de Deus ser preso pelos crimes sexuais. Uma mulher que morava na Austrália denunciou que o idoso tomou imóveis que ela tinha em Abadiânia.
Durante a investigação, concluída no fim de março deste ano, foram ouvidas diversas pessoas sobre a movimentação financeira de João de Deus. Entre as transações financeiras que constam no processo policial, estão transferências feitas da conta da Casa Dom Inácio de Loyola para contas pessoais ou de pessoas e empresas ligadas a ele.
“Fica demonstrado que João Teixeira de Faria se apropriou indevidamente do dinheiro da associação privada Centro Espírita Dom Inácio de Loyola, entidade sem fins lucrativos, remetendo dinheiro dessa associação para sua conta pessoal, para a conta de sua esposa, para a conta de sua empresa Cristais Dom Inácio LTDA e para terceiros”, disse o delegado Thiago Martimiano na conclusão do inquérito.
João de Deus foi indiciado por apropriação indébita e crime contra a relação de consumo. Já a esposa dele, Ana Keyla Teixeira Lourenço, responde apenas pelo crime contra a relação de consumo.
Em nota, a defesa do casal disse que a investigação já nasceu morta e que ao longo de três anos, nada ficou comprovado, em especial contra o idoso, “de modo a confirmar essa perseguição interminável”.
O delegado aponta ainda na conclusão do inquérito que “há claramente confusão patrimonial” entre o centro espírita onde João de Deus fazia os atendimentos, e as demais empresas de sua propriedade.
Foi citado o envio de quase R$ 1 milhão das empresas Farmácia Manipulação JTF e Lanchonete e Livraria Dom Inácio para a conta da Casa Dom Inácio de Loyola, além de transferência de mais de R$ 500 mil desta última para a Cristais Dom Inácio, de propriedade de João de Deus.
Além da apropriação indébita e crime contra as relações de consumo, a polícia investigou o idoso por lavagem de dinheiro. Porém, o inquérito não conseguiu comprovar a existência do crime e, com isso, ele não foi indiciado por esse último tipo penal.
Fonte: g1