Apaixonada por cemitérios, idosa trabalha entre jazigos, lápides e sepulturas desde os 8 anos: ‘Dormia ali, não tinha assombração’

Uma das figuras vivas mais importantes do Cemitério Dom Bosco, que fica em Caruaru, no Agreste de Pernambuco, é Quitéria Caetano da Silva, de 82 anos. A idosa, que é apaixonada pro cemitérios, dedicou a vida ao espaço e nele criou os filhos. Mesmo após a aposentadoria, o encanto pelo local e a relação construída ao longo dos anos faz com que ela não abandone o cemitério que carrega sua própria história.

Órfã de mãe, que morreu ainda no nascimento de Quitéria, ela foi acolhida pelos avós maternos. Nascida em São Caetano, Quitéria acabou perdendo o avô muito cedo, isso fez com que a família migrasse para a cidade de Caruaru em busca de trabalho.

A paixão pelo ambiente do cemitério começou desde cedo, por volta dos 8 anos de idade, quando teve que aprender a cuidar de jazigos, lápides e sepulturas. Desde que se mudou para Caruaru, ela passou a acompanhar a avó em um trabalho bem diferente para uma criança: limpar jazigos no cemitério.

Dona Quitéria no Cemitério Dom Bosco — Foto: Edvaldo Coelho / TV Asa Branca

Dona Quitéria não saiu mais do ambiente em que cresceu e que passou grande parte da vida trabalhando de forma voluntária. Foi no cemitério mesmo que criou os 8 filhos que teve. As crianças cresceram dentro do espaço e dormiam entre os jazigos, sepulturas e lápides com a mãe.

“Eu trazia eles, forrava ali uma caixa de papelão, botava eles dentro, botava a mamadeira enrolada num pano. ‘Nós dormia’ ali, não tinha assombração não”, contou Quitéria.
Foi então que, na gestão do prefeito Drayton Nejaim, Quitéria obteve o reconhecimento pelos serviços prestados de forma voluntária ao cemitério e foi contratada como funcionária pública até sua recente aposentadoria.

Nem a aposentadoria afastou Quitéria
Engana-se quem pensa que após conseguir a aposentadoria ela iria abandonar sua paixão pelo local. Nem mesmo a pandemia a impediu de estar no ambiente que ela tanto ama. Apesar de estar aposentada, Quitéria continua construindo histórias e vivendo no Cemitério Dom Bosco.

É embaixo do pé de manga que ela e os amigos plantaram há 20 anos onde ela encontra a paz e se sente segura. Dona Quitéria diz que encontrou no Cemitério Dom Bosco uma razão de viver.

“Eu tô feliz. Se eu chego no portão ou se eu tô sentada ali fora, eu tô feliz”, disse Quitéria.

A história de Quitéria foi destaque no quadro “Me Conte Sua História”, na TV Asa Branca. A reportagem será exibida nesta quarta-feira (8), quando é comemorado o Dia Internacional da Mulher.

Fonte: g1