Devido ao aumento do gás de cozinha anunciado pela Petrobras no dia 10 de março, revendedoras do produto no Grande Recife começaram a repassar os custos para os consumidores, apesar do receio de perderem clientes. Donos de bares e restaurantes também enfrentam dificuldades por causa do reajuste do item.
A loja de André Santana, no Morro da Conceição, na Zona Norte do Recife, é uma das principais revendedoras de gás de cozinha na comunidade. Antes do reajuste, o botijão era vendido a R$ 105, à vista, e R$ 110, no cartão de crédito. Após o aumento, os preços passaram para R$ 110 e R$ 115, respectivamente.
Quem vai buscar o produto direto na loja consegue economizar um pouco, comprando o gás por R$ 100, à vista, e R$ 105, no cartão de crédito. No entanto, segundo o comerciante, esse não é o caso da maioria dos seus clientes, que preferem receber a entrega em casa.
Na primeira semana de março de 2022, para fazer a revenda, André Santana comprava o botijão de gás a R$ 80. Após o reajuste, ele passou a pagar R$ 92. Ele contou ser inevitável não repassar esse valor ao cliente.
“Tudo conta: o pagamento do funcionário, o pagamento de manutenção da moto, o emplacamento da moto, tem internet, tem telefone, taxa do banco, taxa do cartão, tem tudo isso. No final, o custo para a gente fica pouco, tem que dividir para muita coisa”, disse o revendedor.
André Santana também relatou estar preocupado em ter que fazer mais reajustes caso os preços subam novamente. Quem também compartilha dessa mesma preocupação é Geralda Cardoso, dona de um restaurante que funciona há mais de 20 anos no Morro da Conceição.
Um dos carros-chefes do cardápio, o prato padrão de galinha cabidela custa R$ 50; e o executivo, R$ 20. Apesar de utilizar quatro botijões de gás por mês, a comerciante conhecida como Dona Geralda afirmou que não pretende reajustar o preço dos pratos do cardápio.
“Eu trabalho mais para a comunidade, então quem me sustenta é o cliente. Se eu aumentar [os preços], vai ficar muito difícil pra mim. Eu sobrevivo daqui. Então, eu não sei se eu estou errada ou se eu estou certa em não poder subir [os valores]”, disse Geralda.
Geralda relatou que se espelha nas mães de família que não têm dinheiro pra comprar sequer um botijão de gás. “Isso é um crime, a mãe amanhecer o dia, acordar e dizer assim: ‘quero esquentar um mingau para o meu filho’ e não ter um lugar para ferver um leite”, declarou a comerciante.
Ela também falou sobre o receio de que o gás possa chegar a R$ 130. “A situação está muito difícil. Já estava difícil e agora está mais difícil. A gente vê a dificuldade. Mas eu vou levando, até quando Deus quiser”, contou.
Fonte: g1