Mesmo dispondo de prazos curtos, sempre que viaja a Brasília, pelo menos a cada 30 dias, e tendo diversos compromissos a cumprir, Marcelo Mesquita, o diretor-presidente da Revista Total, não deixa de sempre incluir em sua agenda visitas a personalidades pernambucanas, políticas e empresariais.
Ele iniciou os compromissos da tarde desta quarta-feira (20/09), no Bloco Q, Samambaia Sul, da Esplanada dos Ministérios, em visita ao ministro da Defesa, o pernambucano José Mucio Monteiro, amigo de longas datas.
“Sempre que você estiver em Brasília saiba que estarei sempre de portas abertas para recebê-lo aqui no Ministério. E o que precisar, que estiver ao nosso alcance, será sempre um enorme prazer atendê-lo. Saiba que você é muito admirado por mim, pelo Presidente Lula e por todos os ministros, pelo belíssimo trabalho que você e sua equipe realizam na produção desse importante veículo de Comunicação de nosso País”, ressaltou o ministro José Mucio.
Durante o período em que estiveram juntos, além de trocarem ideias e relembrarem alguns dos momentos que já dividiram ao longo desses anos em que são amigos, Mesquita fez questão também de elogiar o ministro pela sua excelente atuação à frente do Ministério da Defesa.
Marcelo, no encontro, ressaltou o quanto o ministro vem se dedicando para manter um clima de paz no Brasil, sobretudo como um dos responsáveis diretos pela bom relacionamento do Presidente da República com as Forças Armadas.
José Mucio Monteiro, apesar de ser engenheiro civil formado pela Escola Politécnica da Universidade de Pernambuco (UPE) em 1971, e tendo iniciado sua vida profissional trabalhando na iniciativa privada, começou sua carreira política como vice-prefeito de Rio Formoso, município da Região da Mata Sul pernambucana, em 1976, cujo mandato foi cumprido até 1982.
Em 1981, foi eleito prefeito, mas não assumiu o mandato para assumir a presidência da CELPE.
No período de 15 de março de 1983 a 14 de maio de 1986, foi secretário Estadual dos Transportes, Comunicação e Energia de Pernambuco, no Governo de Roberto Magalhães.
Em 1990, foi eleito deputado federal por Pernambuco, cumprindo, até 23 de novembro de 2007, 5 mandatos consecutivos.
Licenciou-se do cargo de deputado federal, no período de fevereiro de 1997 a março de 1998 para assumir o cargo de secretário Municipal de Planejamento do Recife, ao qual foi indicado pelo prefeito Roberto Magalhães.
Em 26 de novembro de 2007, foi nomeado ministro-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, no Governo de Luiz Inácio Lula da Silva, onde permaneceu até 28 de setembro de 2009.
Naquele ano, em outubro, foi nomeado ministro do Tribunal de Contas da União pelo Presidente Lula e, em 11 de dezembro de 2018, foi empossado na presidência do TCU.
Quando deixou o TCU, afirmou que era uma despedida dupla já que, naquele momento, também concluía seus mais de 40 anos dedicados à vida pública.
No seu discurso de despedida foram ressaltadas as marcas que o fizeram se destacar como um dos mais respeitados políticos brasileiros: o olhar atento para o outro, a habilidade para ouvir e a fé inabalável na força do diálogo como caminho para se obter convergências e atingir resultados.
“Deixo esta Casa com o coração leve e grato”, disse José Mucio, ao presidir, no dia 10/12/2020, sua última sessão plenária no Tribunal.
“Cheguei há 11 anos no TCU. Ao assumir o cargo de ministro, em outubro de 2009, encerrei meu discurso de posse reafirmando minha fidelidade e compromisso com a missão que ali se iniciava. Fidelidade aos princípios que moldaram minha vida. Compromisso com a exemplar história deste Tribunal, fundada no zelo, na responsabilidade e no trabalho”. Essas foram as primeiras palavras do ministro José Mucio Monteiro em seu discurso de despedida, durante a sessão extraordinária desta quarta-feira (9/12).
Mucio destacou algumas das ações que conduziu durante os dois anos de sua gestão como presidente, como a alteração da estrutura organizacional da Casa e o lançamento da Estratégia Digital do Tribunal, e apresentou a publicação que consolida o balanço de sua gestão.
Apesar de ter dado esse destaque, Mucio privilegiou, em seu discurso, as pessoas com quem dividiu o dia a dia no Tribunal ao longo desses últimos 11 anos. Agradeceu nominalmente aos ministros, procuradores, servidores e colaboradores, tanto das administrações passadas como atuais, e finaliza seu discurso agradecendo, emocionado, à sua família: esposa, filhos, netos e irmãos.
Para finalizar o seu discurso, o presidente citou os ensinamentos que a pandemia trouxe e a certeza da necessidade de se valorizar o momento presente. Ele se despede agradecendo, mais uma vez, o apoio e exemplo de todos e faz uma confissão: “não aprendi dizer adeus”.
As palavras de Mucio emocionaram a todos que estavam presentes na sessão. Aplaudido de pé, Mucio foi homenageado por cada um dos ministros da Corte de Contas e, também, pela procuradora-geral.
Destacamos, aqui, apenas alguns trechos das citações da ministra Ana Arraes, que o sucedeu, e de mais dois outros:
“Sua aposentadoria nos deixará saudades, mas não tristeza, uma vez que, a partir de então, percorrerá novos caminhos e respirará novos ares que certamente farão bem à Vossa Excelência”, ministra Ana Arraes.
“A gratidão é a memória do coração. (…) A oportunidade que ora se apresenta é o resultado espontâneo de um desejo coletivo, de todos nós, membros dos Tribunais de Contas de todo o País, de traduzir publicamente nosso apreço pela sua contribuição nesses últimos 11 anos e, notadamente, nos últimos dois anos à frente de uma presidência dinâmica, inovadora e profícua. Nós todos somos muito gratos pelo seu trabalho pelo Brasil”, ministro Augusto Nardes.
“Queria falar um pouquinho sobre o homem Jose Mucio, a pessoa que tive a honra de conhecer. Quando eu comecei a me relacionar com o amigo, eu falava: o José Mucio tem tudo de um político, ele é extremamente capaz de estabelecer relações humanas, ele nutre uma empatia natural, cria uma empatia entre as pessoas, mas lhe faltava um dom da política, que é a capacidade de se autoelogiar (…). O ministro Mucio não se autoelogia, ele disfarça suas qualidades, ele acentua os seus defeitos, ele exalta muitas vezes as virtudes do interlocutor. Ele se faz de escada para que os outros possam brilhar. Esta é uma virtude extraordinária que eu vejo em poucas pessoas”, ministro Benjamin Zymler.
E, como prometeu, José Mucio foi realmente viver a vida de aposentado: dedicando-se à família, aos muitos amigos e a fazer as coisas que mais gosta: novas amizades e construir ‘pontes’.
A surpresa em 2022
No entanto, 2022 lhe reservava uma surpresa.
Nas eleições de outubro, nos dias 2 e 30, 1º e 2º turnos, respectivamente, Lula foi o vitorioso.
A partir da confirmação, começaram a surgir os palpites sobre quais seriam os ministros do então eleito Presidente Lula.
No início de dezembro, numa das entrevistas, Lula foi cobrado para que divulgasse logo quem estaria no governo, tendo ele adiantado indicações consideradas certas – a de Mucio foi uma delas.
Essa indicação foi uma surpresa, justamente porque o indicado prometera que estava se aposentando definitivamente da vida pública, mas foi bem aceita pela quase totalidade dos experts em Política, uma vez que, apesar de Múcio ser considerado um outsider da Defesa, porque não fez carreira na área, tratava-se de um político experiente, que foi deputado e, inclusive, ministro da segunda gestão de Lula, além de ter um bom trânsito e dialogar com civis e militares, conservadores e progressistas.
Ele, que sempre se dedicou a “construir pontes”, aos 74 anos, voltou à vida pública, novamente como ministro de Lula, num momento em que Lula teria – como teve -, com certeza, desafios na Defesa no Brasil e no exterior.
E, no dia 1º de janeiro de 2023, José Mucio Monteiro Filho, o pernambucano nascido em Recife, assumiu como o 15.º ministro da Defesa do Brasil, no 3º governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
E, nesses quase 9 meses, já enfrentou algumas intempéries, já teve seu cargo pretendido por outrem, mas ele venceu todos os obstáculos que surgiram e, como um verdadeiro ‘Leão do Norte’, continua firme e forte e, cada vez mais, “construindo pontes” e mostrando que, de todos os ministros indicados por Lula ele é, sem dúvida, um dos mais leais, mais corretos e mais competentes.
Quanto à nova data pra se aposentar, deve demorar mais uns quatro anos, no mínimo, quiçá oito.
É esperar para ver e, para quem quiser escrever sua biografia, se dispor a acrescentar mais conquistas e muitas histórias.