O preço do leite deve continuar com tendência de alta pelo menos até setembro, é o que indica o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). A projeção é que a baixa oferta do produto no campo continue a sustentar as cotações pelo menos até a primavera. A baixa oferta de leite é reflexo do aumento de custos de alimentação animal, que tornou a atividade mais desafiadora e levou inclusive alguns agricultores a desistirem da produção e descartar vacas. No acumulado deste ano, a cotação do leite ao produtor registrou uma alta real de mais de 20%, reflexo da menor disponibilidade do produto no campo e disputa entre laticínios para conseguir a escassa matéria-prima.
E para quem pensa que a alta de preço ao produtor significa rentabilidade super positiva para o agro, fica o alerta: nem todo mundo está conseguindo fechar as contas no azul. Para você ter uma ideia, em 2019, 28 litros de leite compravam uma saca de milho. Em 2020 foi preciso 34 litros, depois, em 2021, 43 litros para comprar a mesma saca de milho e agora, no início de 2022, 45 litros para comprar 1 saca de milho, de acordo com dados do Cepea. Ou seja, um exemplo de como ficou mais complexo produzir o leite com a alta global das commodities. O consumidor também sentiu os efeitos e a Embrapa Gado de Leite indica que o leite UHT chegou a atingir R$ 8 por litro em alguns estabelecimentos, um dos patamares mais altos da história. Na internet, consumidores fotografam e postaram placas com o litro valendo quase R$ 10 nos supermercados.
Daqui em diante, o leite pode ter outro estímulo na formação de preços. O potencial incremento de demanda doméstica pode começar a ganhar força diante de sinais de recuperação na economia com a queda do desemprego e efeitos de benefícios sociais como o Auxílio Brasil. O cenário de oferta restrita e demanda aquecendo deverão manter preços de estáveis a mais altos ao longo dos próximos meses.
Fonte: JP