O Federal Reserve, Banco Central dos Estados Unidos, subiu os juros do país para faixa de 1,5% a 1,75% – uma alta de 0,75 pontos percentuais desde a última decisão de juros, em maio. É o maior aumento de taxa desde 1994.
O reajuste acima do que havia sido sinalizado pelo Fed na reunião anterior mostra que será intensificada a política monetária para combate à inflação americana. Em maio, o índice de preços ao consumidor dos EUA voltou a pressionar e atingiu 8,6% no acumulado em 12 meses – a maior taxa desde dezembro de 1981 (quando ficou em 8,9%),
A inflação dos EUA também foi impulsionada no mês passado por preços mais altos para outros bens, como alimentos, que aumentaram na sequência da guerra na Ucrânia. A política de Covid-19 zero da China, que afetou as cadeias de abastecimento, também deve manter os preços pressionados para cima.
O Fed reconheceu que a atividade econômica americana voltou a se aquecer depois de uma queda no primeiro trimestre do ano. Além disso, o desemprego segue em níveis muito baixos e a inflação pressionada pelos desequilíbrios de oferta e demanda relacionados à pandemia, junto com a demanda forte por energia. (leia a íntegra da carta no fim da reportagem)
“O Comitê busca alcançar o máximo de emprego e inflação à taxa de 2% no longo prazo. Em apoio a essas metas, o Comitê decidiu aumentar a faixa-alvo para a taxa dos fundos federais para 1,5% a 1,75% e prevê que os aumentos contínuos na faixa-alvo serão apropriados”, diz o Fed
O ritmo mais acelerado da subida de juros nos EUA foi monitorado nos últimos dias por investidores do mundo todo. Juros mais altos nos EUA tendem a derrubar o preço das ações em bolsa e valorizar o dólar, já que elevam a atratividade da dívida norte-americana, considerada a mais segura do mundo.
A decisão do Fed de manter o ritmo de subida, inclusive, deve causar nova avaliação dos ativos de risco. Nesta semana, o índice S&P 500 entrou em território de “bear market”, quando são vistas quedas contínuas nas cotações e se instaura um clima de pessimismo no mercado.
O Fed também afirma que continuará com seu programa de redução de participação nos títulos do Tesouro, mais uma medida para frear o avanço da economia e colocar analistas em alerta para os riscos de recessão no país.
“Além disso, o Comitê continuará reduzindo suas participações em títulos do Tesouro e dívida de agências e títulos lastreados em hipotecas de agências, conforme descrito nos Planos para Redução do Tamanho do Balanço do Federal Reserve, emitidos em maio”, diz o comunicado.
BCE também promete agir
O Banco Central Europeu (BCE) teve uma reunião excepcional nesta quarta-feira (15), uma semana depois de anunciar uma política monetária mais rígida para combater a inflação da zona do euro, acompanhada por um aumento da margem dos custos de endividamento entre os países.
O objetivo era convencer os mercados de que o seu programa de aumento das taxas de juros é compatível com a luta contra uma diferença excessiva nos custos de endividamento entre os países do norte e do sul da zona do euro.
Após a reunião, o conselho de governo se comprometeu a adotar duas medidas: “aplicar uma certa flexibilidade no reinvestimento” dos títulos do seu programa de emergência lançado durante a pandemia (chamado PEPP) e desenhar um novo instrumento “antifragmentação” para combater a divergência das taxas de juro na zona do euro.
As taxas referenciais de juros da zona do euro continuam em -0,50%, 0,00%, e 0,25% para a taxa de depósito, de refinanciamento e de empréstimo, respectivamente.
FOnte: g1