Os líderes do G7, que estão reunidos e Hiroshima, no Japão, para a cúpula anual, anunciaram nesta sexta-feira, 19, – primeiro dos três dias do encontro – novas sanções de Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia (UE) contra a “máquina de guerra” russa. A informação já era esperada, visto que os membros pretendem pressionar ainda mais Moscou, que ataca a Ucrânia desde fevereiro de 2022. Todos os Estados que integram o G7 preparam novas medidas, e os Estados Unidos contribuem com um pacote de sanções que “tornarão ainda mais difícil para a Rússia alimentar sua máquina de guerra”, afirmou um alto funcionário da Casa Branca, que também informou que, concretamente, Washington vai proibir as exportações americanas para 70 entidades na Rússia e em outros países. Também vão aplicar 300 sanções contra diversos alvos, “indivíduos, organizações, embarcações e aeronaves”, na Europa, Ásia e no Oriente Médio. O premiê britânico, Rishi Sunak, também informou que essas medidas vão afetar o setor de mineração russo, com proibições à importação de alumínio, diamantes, cobre e níquel. O comércio dessa pedra preciosa é avaliado entre US$ 4 e 5 bilhões anuais (entre R$ 20 e 25 bilhões) e é uma importante fonte de receitas para o Kremlin. Os países ocidentais adotaram uma série de sanções sem precedentes contra a Rússia desde a invasão à Ucrânia, em fevereiro de 2022, visando afetar economicamente aquele país, ao reduzir a receita gerada pelo petróleo e desorganizar sua indústria de defesa. Sua preocupação, agora, é impedir que a Rússia consiga driblar as sanções, e as medidas americanas mais recentes também pretendem diminuir as chances de que isto ocorra. Os Estados Unidos buscam “pressionar o setor financeiro russo e a capacidade russa de produção de energia a médio e longo prazos”, ressaltou a fonte da Casa Branca. Trata-se, também, de “manter o congelamento dos ativos soberanos” russos.
Os representantes, que começaram a chegar ao país na quinta-feira, 18, aproveitaram a ida à Hiroshima para homenagear às vítimas da destruição da cidade japonesa em 6 de junho 1945 por uma bomba atômica. Os chefes de Estado e de Governo das sete democracias mais industrializadas, incluindo várias potências nucleares, foram recebidos um a um no Parque Memorial da Paz pelo primeiro-ministro japonês Fumio Kishida e depositaram coroas de flores no monumento fúnebre que relembra as quase 140 mil pessoas mortas pela bomba atômica dos EUA. Eles também visitaram o Museu Memorial da Paz, testemunha do horror do bombardeio atômico, e conheceram uma sobrevivente, Keiko Ogura, que tinha oito anos na época do bombardeio. O líder japonês quer incluir o desarmamento nuclear na agenda da cúpula e espera aprovar seu chamado Plano de Ação de Hiroshima, apresentado em 2022, que inclui um novo compromisso de não usar armas nucleares, transparência nos arsenais e novas reduções de armamento. No entanto, não são esperados progressos significativos nesta questão durante a cúpula, em um contexto de novas tensões com potências nucleares como Rússia, Coreia do Norte e China.
Frente unida contra Rússia e China
Na cúpula do G7, os líderes tentarão estabelecer uma frente unida diante da Rússia e China. Também irão discutir outras questões urgentes, mas que não geram consenso no grupo. A reunião contará com a presença de representantes da União Europeia (UE). Além do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) – Brasil retorna a um encontro do G7 depois de 14 anos. A última vez havia sido com o próprio petista, em 2009 -, o Japão também convidou os governantes de Índia e Indonésia, entre outros países, para tentar uma aproximação do G7 com os países em desenvolvimento nos quais a China faz grandes investimentos. Outra presença confirmada é a do líder da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, que, inicialmente deveria discursar por videoconferência na reunião, mas decidiu comparecer presencialmente ao evento. “Coisas muito importantes serão decididas e a presença do nosso presidente é absolutamente essencial para defender nossos interesses”, explicou o secretário-geral do Conselho de Segurança ucraniano, Oleksii Danilov. No Japão, o presidente ucraniano terá a oportunidade de reiterar o pedido de fornecimento de caças para responder à invasão russa. Vários países europeus, como Reino Unido e Holanda, anunciaram esta semana que trabalharão para que a Ucrânia possa receber aviões F-16, mas que a eventual entrega deverá ser autorizada pelo governo dos Estados Unidos.
Fonte: JP