Neste domingo (12), a Prefeitura da Cidade do Recife (PCR) deu continuidade às obras para a demolição de um prédio de sete andares localizado no número 88 da Rua da Guia, no Bairro do Recife, que estava sob risco de desabamento. Anteriormente prevista para iniciar na segunda-feira (13), a ação foi antecipada e começou no sábado (11).
Segundo a gerente geral de Engenharia da Defesa Civil do Recife, Elaine Hawson, o adiantamento ocorreu após a empresa responsável pela execução da obra sinalizar que já era possível iniciar o trabalho. “A gente já estava pronto para o início do serviço. Assim que a empresa sinalizou que estava tudo ok, nós iniciamos”, contou.
Áreas próximas ao prédio, que fica em uma região histórica da capital pernambucana, estão interditadas, incluindo oito imóveis do perímetro de interdição determinado pela Defesa Civil. De acordo com a prefeitura, os proprietários dos imóveis interditados só poderão retornar após a conclusão dos serviços no prédio que está em processo de demolição. “As obras podem durar até três meses”, explicou Elaine Hawson.
Além de trechos da Rua da Guia, as ruas Domingos José Martins e Barbosa Lima também estão com áreas fechadas. E dos oito imóveis interditados, um corre o risco de ser atingido pela demolição. “O imóvel que tem mais risco e que poderá ser atingido na demolição é o imóvel que fica na Rua José Martins, que é o imóvel que fica exatamente atrás do imóvel que a gente está trabalhando. É um imóvel que já havia sido interditado pela Defesa Civil, ele está desocupado, está numa situação bem precária, apesar de não ter risco iminente de desabamento”, detalhou.
Já a Rua do Bom Jesus, uma das mais movimentadas da região, está com acesso liberado. Proprietário da loja Artesanato Pernambucano, que funciona na Rua do Bom Jesus, Kildere Almeida comentou que a Defesa Civil, inicialmente, havia informado que parte da rua também seria interditada a partir da segunda-feira (13).
“Iam fechar mas agora deixaram abrir. Ontem eu liguei e nos orientaram que a gente pode entrar pela Rua do Bom Jesus mas por trás não, que não tem condições nenhuma de entrar”, disse.
A rua que fica por trás da do Bom Jesus é a Domingos José Martins, que está com trechos interditados.“Nós não interditamos a Rua do Bom Jesus, nós só passamos uma orientação para os usuários, para as pessoas que ocupam, de que não podem ter acesso pela Rua Domingos José Martins, que é a rua que fica atrás”, comentou Elaine Hawson.
De acordo com Hawson, o imóvel está sendo monitorado pela Defesa Civil do Recife desde 2009 e, durante esses anos, os proprietários foram orientados pelo órgão, mas não chegaram a realizar reformas no prédio. “Diante da falta de medidas pelos proprietários, a Defesa Civil iniciou o processo de demolição”, ressaltou. A PCR não informou o nome dos proprietários do imóvel.
Monitoramento de Imóveis
Segundo a gerente geral de Engenharia da Defesa Civil do Recife, Elaine Hawson, as equipes do órgão vistoriam os imóveis que apresentam risco a partir das solicitações da população. “A Defesa Civil atende sob demanda. Então, nós recebemos as solicitações através do 0800 e encaminhamos para a vistoria. A equipe vai verificar se há desprendimento de revestimentos, se há algum tipo de risco que precise uma intervenção de imediato”, explicou. O número de contato da Defesa Civil é o 0800.081.3400.
De acordo com a gerente, toda a área que compreende o Bairro do Recife é vistoriada pela Defesa Civil.
“No Bairro do Recife, nossa equipe já vistoria todos os imóveis, que já receberam visita da Defesa Civil. Quando a população percebe que houve um agravamento, houve um desprendimento maior, ela chama e a nossa equipe retorna. E quando nós temos uma situação tipo essa que é mais crítica, com risco mais significativo, então a equipe vem quantas vezes forem necessárias.”
Em toda a capital pernambucana, seis equipes atuam na vistoria de imóveis. “A Defesa Civil hoje tem seis regionais funcionando. Dessas seis, uma atende áreas planas da cidade e prédios e cinco atendem áreas de morro”, comentou. De acordo com a gerente, o único imóvel atualmente com risco de desabamento no Recife é o localizado na Rua da Guia.
“Quando a gente identifica que um imóvel tem risco iminente de colapso, a gente precisa tomar uma atitude, como a que foi tomada aqui, que a gente isolou um trecho da rua que poderia ser atingido e estamos tomando as providências para sanar esse risco”, disse.
Ainda segundo a gerente geral da Defesa Civil, os imóveis são classificados em graus de risco que vão do 1 ao 4.
“A gente classifica como Risco 4 aquele imóvel que a Defesa Civil não pode mais monitorar. Então, precisa ser tomada alguma atitude em relação a ele já que a capacidade de monitoramento não existe mais. É o tipo desse prédio aqui no Bairro do Recife”, contou.
“Risco 3 é quando o imóvel tem urgência de ser recuperado, precisam ser tomadas providências quanto a intervenções o mais rápido possível. São imóveis que precisam ser recuperados de imediato. Já o Risco 2 é quando tem algum serviço, alguma manutenção, para fazer mas não é nada grave, nada muito urgente. E o Risco 1 são pequenos reparos que precisam ser feitos, também mais de manutenção”, elencou.
De acordo com Elaine Hawson, após as vistorias, a Defesa Civil emite um parecer com as recomendações e o encaminha para a Secretaria de Controle Urbano. “A gente encaminha para que eles notifiquem [os proprietários] e façam cumprir essas orientações”, disse. Caso os proprietários não atendam as recomendações e o imóvel apresente risco de desabamento, a Defesa Civil realiza o processo de demolição.
Veja, abaixo, a nota enviada pelo órgão sobre a demolição do imóvel na Rua da Guia:
“A interdição do entorno do imóvel número 88 da Rua da Guia se deu por razões de segurança, baseada em levantamento técnico da Secretaria Executiva de Defesa Civil. Atendendo a uma solicitação de vistoria após relatos de ruídos de estalos na edificação, foi realizada, nos últimos dias 5 e 6, uma vistoria técnica onde foi identificada a intensificação de problemas estruturais já notados em outras ocasiões, entre eles a inclinação da edificação. Diante do agravamento do caso, a Defesa Civil e a Secretaria Executiva de Controle Urbano isolaram o entorno com prismas de concreto. No laudo é recomendada a demolição, com urgência, do imóvel, de modo a salvaguardar a integridade física de transeuntes e das edificações do entorno.
O imóvel em questão tem um histórico de notificações por falta de manutenção, o que levou o município a ingressar na Justiça para que os proprietários realizassem, como prevê a lei, os devidos reparos na edificação. Ao longo dos anos, a Prefeitura seguiu todos os trâmites administrativos e judiciais para que o serviço de recuperação fosse realizado pelos proprietários. Considerando o elevado grau de comprometimento estrutural do imóvel, visualmente agravado ao longo dos anos pela ausência de manutenção mesmo após várias notificações por parte do poder público, a Defesa Civil avaliou como necessária a demolição da estrutura – pelo elevado risco estrutural, possibilidade de evolução acelerada das patologias prediais e elevado risco aos imóveis do entorno, veículos e transeuntes.
Atualmente, diante da urgência do caso, o poder público já está avaliando a forma mais segura de realizar a demolição, tendo comunicado os órgãos de preservação do patrimônio – em especial o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) – acerca da situação. Além disso, o Gabinete do Centro do Recife – RECENTRO estabeleceu contato com os comerciantes e empreendedores que têm estabelecimentos na área do perímetro de interdição no sentido de orientá-los quanto às próximas etapas do processo. Todos os proprietários de imóveis que estão dentro do perímetro da interdição foram contatados pelas Secretarias Executivas de Defesa Civil e Controle Urbano e alertados quanto à urgência, por questões de segurança, da desocupação da área pelo tempo que durar o serviço de demolição. A Prefeitura do Recife mantém a disposição de dialogar com a categoria, reiterando a importância de salvaguardar a integridade física das pessoas.”
Fonte: Folhape