O homem acusado de matar a ex-namorada na saída de um show, em Olinda, no Grande Recife, em 2016, foi condenado a 24 anos e seis meses de prisão em regime fechado. A sentença de Jonata Verçosa de Lima saiu na tarde desta quarta (6), no fim do segundo dia do julgamento realizado na Vara do Tribunal do Júri da Capital.
Jonata Verçosa foi acusado pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) de homicídio triplamente qualificado, por motivo torpe, não dar chance de defesa à vítima, e feminicídio de Caroline Marry de Oliveira, que tinha 24 anos. Ele já cumpriu cinco anos de reclusão em regime fechado.
Jonata Verçosa (de vermelho) foi condenado a 24 anos de prisão pela morte da ex-namorada, em Olinda, em 2016 — Foto: Luna Markman
De acordo com a Justiça, a sentença foi proferida após a decisão da maioria dos jurados. A defesa do condenado anunciou que vai recorrer. O julgamento foi presidido pela juíza Flávia Fabiane Nascimento Figueira (veja vídeo acima).
O julgamento teve início na terça (5). Nesta quarta, de acordo com o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE), o júri retomou os trabalhos por volta das 9h, com o MPPE apresentando a acusação e a defesa do réu apresentando sua tese logo em seguida.
Em seguida, houve períodos reservados para a réplica do MPPE e tréplica da defesa, com 1 hora cada. Após os debates, o corpo de jurados se reuniu em uma sala reservada para deliberar sobre condenação do réu.
Por meio de nota, os defensores de Jonata consideraram a decisão do júri como “absurda e injusta“. Por isso, os advogados Marcellus Ugiette, Diego Ugiette e Renata Melo apresentaram, ainda no plenário, um recurso de apelação, com fundamento no Código de Processo Penal (CPP).
Os defensores argumentam que “a decisão foi manifestamente contrária a provas dos e que a decisão merece ser reformada”.
Ainda de acordo com os advogados, o réu foi condenado “sem qualquer prova nos autos” que identificasse ele como autor do crime e “somente porque a vítima era uma mulher e o estado tinha que dar uma satisfação à sociedade de qualquer forma”.
Investigação e reviravolta
O caso, tratado inicialmente como roubo seguido de morte, teve uma reviravolta meses depois, quando a investigação apontou que se tratava de assassinato. Segundo a investigação, ele não aceitava o fim do relacionamento.
De acordo com a promotora do caso, Carolina Jucá, não há dúvidas de que o homem cometeu o crime.
Caroline Marry de Oliveira, 24 anos, foi vítima de latrocínio quando deixava show, no Recife — Foto: Reprodução / TV Globo
O crime aconteceu na madrugada de 23 de outubro de 2016. Na época, Jonata Verçosa de Lima disse para a polícia que foi abordado por um homem quando saía do estacionamento da antiga Fábrica Tacaruna, durante o Festeja Recife.
Ainda no relato aos policiais, ele teria dito que o carro, que era automático, se movimentou durante a abordagem do criminoso, que teria, então, atirado.
Caroline, no entanto, só teria percebido que foi alvejada depois. Ela foi levada para o Hospital da Restauração, no bairro do Derby, no Recife, mas não resistiu ao ferimento.
A reviravolta no caso aconteceu dois meses depois do crime, em dezembro de 2016, quando o réu, na época com 32 anos, foi apontado como principal suspeito de matar a estudante.
Segundo a delegada do caso, Jonata contou cinco versões diferentes do crime. Em uma delas, ele afirmou que teria estacionado o carro na Rua Severino Pereira e que foi andando até o Centro de Convenções para a festa – diferente da versão dada sobre estar saindo do estacionamento na Fábrica Tacaruna.