O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), derrubou nesta sexta-feira (15) o sigilo de depoimentos sobre a tentativa de golpe de Estado no país. A decisão libera as oitivas de ex-comandantes das Forças Armadas, ex-ministros de Estado e ex-auxiliares de Jair Bolsonaro (PL).
Entre os depoimentos liberados, constam o do general Marco Antônio Freire Gomes, do Exército, e o do tenente-brigadeiro do ar Carlos Baptista Júnior, da Força Aérea Brasileira (FAB). Os dois ex-comandantes confirmaram à Polícia Federal (PF) a pressão do ex-presidente por um golpe de Estado para se manter no poder.
A CNN teve acesso às íntegras de ambos os depoimentos, que falaram à PF na condição de testemunhas.
Segundo eles, Bolsonaro apresentou uma “hipótese de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e outros instrumentos jurídicos como estado de defesa ou estado de sítio” para permanecer no poder, durante esses encontros.
Freire Gomes e Baptista também apontaram como envolvidos na elaboração de um plano golpista o ex-ministro da Defesa de Bolsonaro, general Paulo Sérgio Nogueira, e o ex-ministro da Justiça, Anderson Torres. Enquanto Nogueira agiria como um articulador da minuta do golpe, Torress teria atuado como uma espécie de “tradutor jurídico” para os três comandantes.
Os dois militares afirmaram, ainda, que rechaçaram em diversas oportunidades uma proposta de golpe. O então comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, no entanto, teria colocado a tropa à disposição de Bolsonaro.
Os ex-comandantes também disseram à PF que foram realizadas reuniões após a vitória do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições de 2022, e foram apresentados a um documento que serviria como embasamento jurídico para um golpe de Estado. Segundo a polícia, o arquivo é similar ao encontrado no celular do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid.